O senhor Feliz e o senhor Contente

Findo o congresso do PS, e a entronização do novo líder, ficam os registos de amargura para com os “acontecimentos de novembro” [[1]] disparados por várias figuras de relevo, entre eles António Costa, Carlos César, Manuel Alegre ou o inenarrável Ascenso Simões. De Pedro Nuno Santos, nem uma palavra de acinte para com o Presidente da República, assim como dos seus inesperados apoiantes como Francisco Assis, Sérgio Sousa Pinto ou Álvaro Beleza. Os novos protagonistas da liderança do PS sabem que terão pela frente uma possível sopa fria [[2]], no período pós-eleitoral, tentando desescalar o discurso para não perturbar o Presidente da República.

Mas esta destilação de bílis tem sustentação histórica? Não deve o PS agradecer a Marcelo toda a boa “colaboração institucional” com António Costa destes oitos anos? Vejamos os números.

Entre 2015 e 2023:

  • A Dívida Pública aumentou 17%, ou seja, 41 mil milhões de euros:

  • A despesa com os salários do Estado aumentou 31%, ou seja, 6,3 mil milhões de euros.

  • A despesa com a Saúde aumentou 75%, ou seja, 8,3 mil milhões de euros.

  • A despesa com a Educação aumentou 12,4%, ou seja, 1,1 mil milhões de euros. [[3]].

E que país temos hoje? Uma carga fiscal galopante aos ombros dos portugueses: o quarto maior esforço fiscal da União Europeia. Um SNS em rutura e com serviços públicos degradados, levando os portugueses a contratar cada vez mais seguros de saúde para poderem ser atendidos. Uma escola com falta de professores, que obriga os portugueses a colocar os filhos em colégios particulares se quiserem que eles tenham uma formação escolar condigna. E uma economia a cair para a cauda da Europa, a ser ultrapassada por todas a economias de Leste:

Desde 2015 já fomos ultrapassados em PIB per capita por

  • Lituânia
  • Estónia
  • Polónia
  • Hungria
  • Roménia

E já fomos ultrapassados no valor dos salários [[4]] por

  • Bulgária
  • Chéquia
  • Estónia
  • Letónia
  • Lituânia
  • Hungria
  • Malta
  • Roménia
  • Eslovénia
  • Eslováquia

Tudo isto com o beneplácito anuimento de Marcelo Rebelo de Sousa.

Não é, por isso, de estranhar que o PS deva agradecer a Marcelo ter andado com o seu guarda-chuva protetor ao Governo nos últimos oito anos. E Marcelo também deve refletir na responsabilidade que lhe cabe no estado a que chegou o país.

O otimismo irritante de ambos será digno de ser lembrado como um trágico-cómico interregno do senhor Contente e do senhor Feliz, sem nenhum resultado que alegre os Portugueses. Dia 10 de Março saberemos quem se deixou encantar pelo espetáculo que por agora termina.

 

 

[1] Comunicado da PGR que levou António Costa a demitir-se saiu no dia 10 de Novembro

[2] A sopa preferida de Marcelo é a Vichyssoise

[3] Dados PORTADA. Despesas de 2023 ainda provisórias, quando não disponíveis calculadas com base nos valores do Orçamento de Estado.

[4] Eurostat: “Labour cost index - Wages and salaries”

 

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