Solidariedade Intergeracional – A Reinvenção das Profissões

Desde há uma década que o Fórum Económico Mundial tem publicado estudos sobre profissões que irão rapidamente desaparecer e serem substituídas por outras, criadas pela evolução social e tecnológica [1]. É um dos temas que se tornou bandeira de medo e de pressão sobre os governos para a aplicação de medidas restritivas e de tentativa de bloqueio das grandes ondas de mudança mundial, medidas essas que, mais cedo ou mais tarde, se tornarão absolutamente inócuas e contraproducentes, atrasando a mudança inevitável com custos pesados para a economia e para a flexibilidade da mobilidade social.

Os avós dos autores tinham como profissão sapateiro e modista (costureira). Não será difícil de entender que estas profissões foram, até ao final da década de ‘80, muito procuradas. Remendos, reparações e reutilizações eram já palavras do léxico de uma população que, na falta de condições económicas, reinventava a utilidade dos seus pertences. O lento definhar de algumas profissões foi acentuado com a entrada de Portugal na CEE e com o crescimento económico.

Quem não se recorda do fim dos clubes de aluguer de cassetes de vídeo e da chegada dos CD? E quem não se recorda do fim dos CD e da chegada das PEN e discos rígidos de armazenamento quase infinito? Quem não se recorda do fim dos telefones fixos e da chegada dos telemóveis? E quem não se recorda de revelar rolos de fotografias? Quem não se recorda da chegada da Internet e da alteração das várias formas de comunicação? Valeu a pena lutar e combater contra estas alterações ou, ao invés, quem se antecipou e se adaptou às novas procuras, acabou por tornar-se no novo vanguardista e empresário de sucesso?

São várias as profissões que se antecipa terminarem na próxima década e não devemos com isso pressupor um cataclismo social, tal como não sucedeu nos últimos 40 anos. Profissionais de secretariado, porteiros, revisores de texto, explicadores, profissionais de comunicação ou até jornalistas tenderão a ser substituídas por outras ocupações ligadas à sustentabilidade ambiental e energética ou relacionados com cuidados de saúde mais próximos das populações cada vez mais idosas.

E que dizer do impacto da entrada de rompante do ChatGPT, Gemini e outros que tais, no tema da Inteligência Artificial (IA) no ano de 2023? Ainda que pareça uma novidade, o tema da IA tem sido foco de investigação há mais de 70 anos, resultando em vários avanços desde a década de 1940, como refere o Instituto +Liberdade [2].

Ned Ludd [3] era um tecelão habilidoso que se revoltou contra a introdução de teares mecanizados há cerca de 300 anos, que ameaçavam seu sustento e o dos seus colegas. Este trabalhador tornou-se um símbolo de resistência contra as máquinas, dando origem ao movimento que ficou conhecido como “ludismo”. Hoje em dia, os ludistas encontram-se em toda a parte: são as pessoas que não escolhem as caixas automáticas dos supermercados, porque isso vai acabar com postos de trabalho; são também aquelas que acham que as máquinas também devem pagar segurança social, como se de pessoas se tratassem.

As mudanças serão sempre concretizadas pelas pessoas em resultado da sua necessidade de adaptação às alterações da realidade social. Uma economia liberal permite que cada um procure nichos inovadores onde se irão diferenciar (em regra os mais jovens) para estar na vanguarda da procura, sem esquecer o apoio aos que terão mais dificuldade nessa adaptação (por norma, os mais velhos). Deve ser essa a única tarefa protetora que o Estado não deve esquecer: apoiar os mais velhos na adaptação à velocidade da mudança atual e permitir a abertura de novos caminhos que não sejam cerceados pela cultura paternalista, do medo ou por uma qualquer ideologia anacrónica.

 

[1]https://www3.weforum.org/docs/WEF_Future_of_Jobs_2023_News_Release_Pt_BR.pdf

[2] https://maisliberdade.pt/maisfactos/evolucao-da-inteligencia-artificial/

[3] Na realidade, este personagem nunca existiu, tendo sido criado ficticiamente.

 

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