Solidariedade Intergeracional – O Ciclo Urbano da Água (parte 1)

Temos vindo a analisar o tema da solidariedade intergeracional há algumas semanas, nomeadamente no aspeto ambiental. Uma das vertentes mais sensível e de impacto na população é a gestão do complexo ciclo urbano da água, um sistema que vai da proteção dos aquíferos à captação de água para abastecimento às nossas torneiras, passando pelo tratamento das águas residuais (A.R.) produzidas por pessoas e indústrias, sem esquecer a rede de drenagem de águas pluviais, terminando de novo nos rios e massas de água essenciais à manutenção da fauna e flora, em especial nos meio urbanos. Temos por obrigação intergeracional legar um sistema resiliente de recolha e drenagem que garanta o tratamento adequado das A.R., assegurando que a água devolvida ao rio é realizada com a qualidade necessária que permita a manutenção salutar dos ecossistemas ribeiros.

Decorre neste momento uma discussão a nível europeu, com contributos de todos os países, a atualização da Diretiva Europeia de Águas Residuais Urbanas (DARU) que vigora desde 1991, tendo como objetivo “proteger o ambiente dos efeitos nefastos das descargas de águas residuais urbanas”.

Recordemos que em Portugal, nestes mais de 40 anos em que vigora a DARU, foram desenvolvidos vários planos de investimento em redes de saneamento da baixa e da alta [[1]] por Entidades Gestoras, públicas e privadas, que ascendem a cerca de 13 Mil Milhões de Euros [[2]] resultando numa rápida evolução do nível de cobertura de saneamento [[3]], tantas vezes esquecida

 

População servida com ETAR

1993

2003

2013

2021

28 %

61%

74%

86%

 

A transposição da Diretiva para a Lei Portuguesa, a par da criação da Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR) e o controlo da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), tornou possível a implementação de uma estratégia que gradualmente foi capacitando o país das melhores práticas de gestão e fiscalização.

Temos hoje realidades distintas nos municípios portugueses no que toca à taxa de cobertura e de acessibilidade às redes de drenagem de saneamento de águas residuais. A título de exemplo, note-se a realidade dos Municípios da Comunidade Intermunicipal do Cávado neste aspeto [[4]]:

 

Acessibilidade Física a Saneamento

Braga

Esposende

Barcelos

Amares

Vila Verde

Terras

de Bouro

100 %

86 %

70 %

63 %

45 %

35 %

 

As taxas de cobertura demonstram alguma disparidade regional, sendo notória a necessidade de se priorizarem investimentos que combatam os constrangimentos da interioridade e da dispersão dos territórios, impondo-se como urgente a implementação de uma política de solidariedade intermunicipal e nacional, de modo a combater as desigualdades.

Veremos na próxima semana que o ambicioso plano da União Europeia para a revisão da DARU, que deverá ser implementado até 2040, necessita de ser antecedido de um olhar às diferentes realidades e necessidades das regiões de Portugal.

 

[1] Sistema em baixa é a recolha porta a porta (ramais domiciliários) e o Sistema em alta representa a rede principal (Estações Elevatórias e ETAR)

[2] https://www.apda.pt/pt/pagina/87/revista-apda/

[3] www.ersar.pt e www.pordata.pt

[4]https://www.ersar.pt/pt/setor/caracterizacao/saneamento-de-aguas-residuais

 

Diário do Minho logo

 

Apresentação do Livro "Liberais no Poder Local"

12 de dezembro, pelas 18h

Salão Nobre dos Paços do Concelho
Praça do Município, Braga


Pessoas
Livres

Liberdade
Individual

Mercados
Livres

Liberdade
Económica

Sociedades
Livres

Liberdade
Social

Cidadãos
Livres

Liberdade
Política

Vídeos


Ideias com J | Fernando Costa

Intervenção de Bruno Machado

Intervenção de Bruno Machado

Estado da Saúde

Ideias com J | Dinis Martins

Medina não sabe

© 2024 Iniciativa Liberal Braga