A Mala de Cartão (Parte 1)

Talvez pela nossa longa história de povo e país secularmente solidificado nas suas fronteiras, somos tradicionalmente um povo nómada, migrante ou emigrante. Um povo com a Mala de Cartão pronta a partir.

Desde as conquistas de D. Afonso Henriques, que nos obrigou a migrar internamente e a consolidar a ocupação do território nacional, passando pelas Descobertas Marítimas, ocupando as Ilhas dos Açores e Madeira de forma brava e destemida, que as circunstâncias nos obrigam a ser aventureiros.

Desbravadores natos, formos em busca da Índia e estabelecemo-nos a Oriente, deixando um enorme lastro cultural servindo o Estado nas suas demandas e anseios económicos. Será um talento ou uma maldição esta necessidade de Emigração?

O carimbo da cultura portuguesa no Brasil dos Séc. XV a XIX continua vivo, sendo o Património Arquitetónico um marco dos portugueses desembarcados em terras de Vera Cruz. E que dizer da diáspora Africana dos Séc. XIX e XX? Pelo número de retornados, certamente que mais de meio milhão de portugueses seguiu para África com promessa de vida melhor.

Temos de aceitar esta permanente necessidade de partida como uma miserabilística sentença social por nascermos Portugueses? Não seremos capazes de construir um país-alicerce com cimento político e argamassa social suficientemente alavancadores da estabilidade, garantindo que apenas emigraremos por opção pessoal ou por ambição económica?

Falta pouco mais de um ano para a comemoração dos 50 anos do 25 de Abril de 1974 e já não resta margem de dúvida para afirmar que a nossa jovem Democracia não resolveu o problema crónico da Emigração. E com o crescimento medíocre e o sufoco dos sucessivos recordes da carga fiscal, não o resolverá em breve. Os dados recentes demonstram uma emigração massiva nas últimas duas décadas, fruto de diversas contingências, mas, acima de tudo, que caucionam a ideia de que não temos um tecido democrático, económico e social sólido.

Falhamos novamente na garantia da rede de segurança inter-geracional e ainda se discute com veemência a taxação de heranças como se o património que se deixa a um filho não lhe fosse, muitas vezes, a única garantia de não ser um refém das esmolas do Estado paternalista e não ter de carregar a sua Mala de Cartão com sonhos adiados pela Emigração.

Um país sem desígnio, perdido em discussões estéreis da espuma dos dias, sem visão estratégica capaz de se afirmar pelo crescimento económico, será sempre uma barca à deriva em direção a Terras Novas, deixando este cantinho europeu sempre adiado.

Nas próximas duas semanas vamos conhecer algumas histórias verídicas de pessoas que se viram forçadas a abandonar o seu país. São exemplos que nos permitirão perceber o porquê desta hemorragia e porque não tem sido possível estancá-la.

 

Por Sérgio Gomes (Membro da Iniciativa Liberal)

Por Mário Queirós (Dirigente da Iniciativa Liberal e Professor do Ensino Superior)

 

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