Tal como já vimos para três partidos, PS, PSD e Chega, vamos agora analisar as propostas das forças comunistas, CDU e BE para estas eleições. Como sabemos, o ideal revolucionário do comunismo é construir uma sociedade sem classes, libertando-a da exploração do homem pelo homem. Cada um deve contribuir conforme as suas possibilidades e cada um deve receber conforma as suas necessidades.
- Pensões
Estando os pensionistas numa fase da vida em que têm grandes necessidades e poucas possibilidades, deverão beneficiar dos apoios providenciados pelas gerações que trabalham. Recordemos que no nosso sistema de pensões, os valores que cada um de nós entrega à Segurança Social serve para pagar as pensões de quem está a recebê-las agora. Não vai um único cêntimo para uma poupança destinada a pagar a sua futura pensão – lá chegando, vai estar completamente dependente dos descontos de quem estiver a trabalhar.
A CDU propõe baixar a idade da reforma para os 65 anos, com um aumento imediato de 7,5%, no mínimo 70 euros. O BE propõe uma pensão mínima igual ao limiar de pobreza desde que a pessoa tenha 20 anos de descontos, e a eliminação do factor de sustentabilidade nas pensões antecipadas.
Quem vai pagar estes custos? A resposta está dada acima: as pessoas que estão actualmente a trabalhar. Se um destes partidos chegasse ao governo esperar-nos-ia um aumento exorbitante da carga fiscal. Quanto é preciso? Ninguém sabe, porque nesta altura o importante é prometer.
- Habitação
Uma vez que a construção de habitação caiu abruptamente na segunda década deste século, esperar-se-iam propostas que incentivassem a oferta. Porém, CDU e BE consideram que obrigando e proibindo é a solução para aparecerem mais casas no mercado. Proibindo o aumento das rendas, obrigando os bancos a pagar mais impostos, canalizando o valor para ajudar ao pagamento de prestações, e proibindo a venda de habitações a não residentes.
Será que assim vão aparecer mais casas no mercado?
- Saúde
A pessoa que tem um problema de saúde pretende ser atendida com rapidez e eficácia. O foco de qualquer política de saúde deve ser o indivíduo, deve ser proporcionar-lhe condições para que ele possa encontrar a solução para os seus problemas. Porém, CDU e BE preferem focar-se nas instituições (SNS) e nos profissionais de saúde. Propõem aumentos de salários para os profissionais de saúde quando deveriam propor liberdade de escolha para os doentes relativamente a onde pretendem ser atendidos.
- Educação
Os problemas da educação em Portugal são a falta de professores no momento actual, mas também no futuro, pois é uma profissão que não tem atraído novos profissionais. Acresce ainda a falta de creches públicas, que apesar de gratuitas, não são suficientes.
Também aqui o foco deveria ser a pessoa que quer colocar o menor num estabelecimento de ensino onde não faltem os professores de qualidade, ou colocar a criança numa creche para que esta possa desenvolver a socialização e os pais possam ir trabalhar. Como é natural nos partidos comunistas, o indivíduo é tratado como um inabilitado para poder fazer as suas escolhas, devendo o Estado impor a sua vontade. As pessoas devem continuar a não poder escolher a escola do seu filho nem a creche, ficando sujeita à escolha do Estado.
- Salários
Chegando ao tema dos salários, parece que entramos num filme de fantasia da Disney. As propostas passam por um aumento de todos os salários em 15%, no mínimo 150 euros, ou por um aumento igual à inflação acrescido de 50 euros. Scala mobile (aumento dos salários conforme a inflação) já foi experimentado no século XX e os resultados foram desastrosos, tendo sido abandonado. Quanto ao aumento de 15%... Sem comentários!
Para quem está na oposição, prometer só tem vantagens. Se vier a ser eleito, conseguiu o seu objectivo e pode esquecer as promessas feitas; se não vier a ser eleito, pode continuar a criticar o governo dizendo que é possível levar a cabo as suas promessas.