Os Idos de Março [1]

Logo após o anúncio da demissão de António Costa, no passado dia 10 de Novembro, Marcelo Rebelo de Sousa fez mais um dos seus passeios higiénicos e enigmáticos procurando mistificar a sua decisão de dissolver a Assembleia da República, um parti pris que hoje sabemos já estaria consolidado na sua cabeça.

A escolha do local, a casa onde viviam os Távoras, forneceu para análise e interpretação política a propensão histórica da intriga e golpe palaciano que a capital do País sempre concentrou, sem com isso se preocupar com o impacto em todo o País. A visita ao Beco do Chão Salgado, local de profundo significado político relacionado com a traição[2], tentou apagar o lastro de falhas e erros de governação da responsabilidade de António Costa?

É um risco espreitar este prisma caleidoscópio da política portuguesa, sob pena do jogo de espelhos nos levar numa vertigem de conclusões inúteis e sem préstimo para a nossa Democracia. O clima de guerrilha que impera em períodos de campanha traz a público o pior das lutas internas partidários, os ressentimentos e as vinganças pessoais, as acusações fulanizadas, as especulações e as fugas de informação seletiva da Justiça e de outros órgãos do Estado.

Algo vai mal no Reino da Dinamarca, quando escutas processuais vão sendo publicadas de forma seletiva, quando decisões secretas, como a compra de ações dos CTT serem conhecidas passados alguns anos, coincidindo com a época das eleições legislativas. Ou quando o Tribunal de Contas apresenta um relatório que analisa a privatização da ANA dez anos após os acontecimentos, num timing infeliz [3]. A um mês e meio das eleições legislativas, o enredo vai medrando com as recentes buscas na residência do Presidente da Região Autónoma da Madeira e a sua constituição como arguido – num processo que foi iniciado em 2019, mas só agora rebenta na Comunicação Social.

Não menos preocupante será a falta de discussão de ideias, de programas e, principalmente, quanto custarão tantas das promessas que vão sendo vendidas como lentilhas gratuitas a um Português de mão estendida com um prato vazio. À boa maneira de quem faz da política a sua vida, paira no ar a expressão “depois vê-se”. Embasados nesta locução, já nós, portugueses, degustamos três bancarrotas e vimo-nos suplantados pelos antigos miseráveis da Europa durante os 23 anos do século XXI. Avaliar o trabalho de um Governo pelos seus resultados e não pelas suas anunciadas intenções, será sempre o objetivo último das eleições, sabendo que não se podem branquear os maus resultados com as cortinas de fumo dos jogos de bastidores. Os índices e as estatísticas são públicos e a análise pode e deve ser feita de forma serena, tal como os caminhos para o futuro.

O próximo dia 10 de Março será um dia importante para expressarmos a nossa vontade popular e defendermos a solidez do poder do voto, um dos pilares fundamentais do Estado de direito.

 

[1] Expressão que remete para a traição ao Imperador Romano, Júlio César

[2] https://www.rtp.pt/noticias/politica/onde-foi-marcelo-na-noite-de-terca-feira-e-porque_v1527920

[3] https://www.tcontas.pt/pt-pt/MenuSecundario/Noticias/Pages/n20240105-2.aspx

 

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