Os piores de sempre e a culpa é nossa

Vila Real, Chaves, Mirandela, Braga, Viana do Castelo, Guimarães, Vila Nova de Famalicão, Barcelos, Póvoa de Varzim, Matosinhos, Penafiel, Santa Maria da Feira, Aveiro, Guarda, Coimbra, Figueira da Foz, Leiria, Caldas da Rainha, Peniche, Tomar, Torres Novas, Abrantes, Santarém, Torres Vedras, Lisboa, Amadora, Vila Franca de Xira, Barreiro, Setúbal, Évora, Faro, Portimão. Caso o leitor pense que estou a partilhar um trivial inventário dos concelhos de Portugal, ou a testar o meu conhecimento (Geografia) onde tivemos (mais) uma diminuição da classificação média a nível nacional, fique descansado. Neste caso, estou apenas a elencar as localidades onde há, neste momento, graves constrangimentos nos serviços de urgência. Ou seja, trata-se de praticamente metade dos que estão atualmente em vigor em Portugal.

Mas voltemos atrás: foi no dia 24 de outubro, do ano passado, que o diretor-executivo do SNS, Fernando Araújo, alertou que novembro poderia ser o “pior mês de sempre” na área da saúde. Curiosamente, e passados quase três meses, creio que ele não estava assim tão longe da verdade: apenas confundiu “novembro” com “2024”, e possivelmente a palavra “mês” com “ano”.

Porque apesar de todos os concelhos e respetivos serviços de urgência elencados, o problema não está na tremenda falta de organização dentro do SNS, nem está na falta de médicos ou na incapacidade de os reter. Está sim em nós, que enchemos as filas nas urgências. Sim, estou a falar para vocês, suas malditas pulseiras verdes!

Não ignorando que existe neste ponto um problema que é quase cultural, e que efetivamente existe com grande incidência nas faixas etárias mais elevadas – é importante fazer perceber que uma urgência é, de facto, uma urgência – torná-lo o epicentro de um caos total onde nada funciona em pleno, é um pensamento demasiado desonesto e igualmente preguiçoso. Porque quando não sabemos ou não queremos detetar o problema, estaremos muito mais longe de encontrar uma solução. Apenas estaremos próximos de uma desculpa que nos salve até à próxima crise.

(In)felizmente, a preguiça bate sempre de frente com a realidade. Não faz, neste momento, mais de 24 horas que uma senhora se deslocou de Alenquer para uma consulta no Amadora-Sintra, já marcada há 2 anos. A consulta marcada foi, entretanto, cancelada porque a 2 de janeiro havia… tolerância de ponto. E não foi há mais de 24 horas que uma idosa morreu nas urgências de Penafiel, enquanto esperava por observação.

Mas há mais, se pegarmos apenas nesta semana: uma grávida de 17 anos que fez 70km para dar à luz. Em Santa Maria da Feira, o INEM teve de ir socorrer uma criança à porta de uma pediatria fechada. Porém, para Manuel Pizarro, Ministro da Saúde, estes casos tratam-se de casos “pontuais”.

Já o caso como o das gémeas luso-brasileiras, para Marta Temido, são “casos habituais”.

É, portanto, nesta triste disparidade em que nos encontramos: um SNS a rebentar pelas costuras, onde mais de 1000 milhões de euros (!) entraram nos últimos dias apenas para saldar (parte dos) pagamentos em atraso aos fornecedores. Um SNS onde a solução do PS para acabar com a falta de médicos de família passa por os portugueses emigrarem, e de seguida torná-los inativos no SNS.

Vejamos: se emigrarmos, não é preciso médico de família. Se não formos às urgências, menos filas teremos. Se não ficarmos doentes, como pediu a diretora-geral da Saúde em agosto, então é possível que cheguemos ao pináculo da sociedade. Se deixarmos efetivamente de existir, talvez consigamos finalmente concretizar as preces de um partido socialista que ainda hoje (por António Mendonça Mendes) se queixa de não ter conseguido governar… nos oito anos que esteve no poder.

Portanto deixo o repto: cabe-nos a nós, portugueses, impedir a possibilidade de ficarmos doentes, de irmos às urgências, de ir às aulas, de apanhar os transportes, e fazermos com que o Partido Socialista governe durante 100 anos, sem interrupções, por mais casos de corrupção ou amiguismo sejam detetados pela Justiça. Talvez aí, finalmente, a culpa deixe de ser nossa.

P.S. Lembre-se que até dia 10 de março, se falecer, estará também a contribuir para a otimização do SNS. Caso não aconteça, sugiro vivamente que vá às urnas, e aí sim, o PS que me perdoe: com a maior urgência possível.

 

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