Após dois anos marcados pela pandemia e repleto de inúmeras incertezas nas nossas vidas, a normalidade parece acompanhar a chuva num regresso a uma rotina que, ao contrário do mau tempo, já ansiávamos há demasiado tempo.
Entre os que ficam em casa em trabalho remoto, e os que regressam em pleno ao seu trajeto diário, há uma certeza que se reforçou desde o início da COVID-19: As crianças devem regressar às suas rotinas escolares e extracurriculares, permitindo não só o seu acesso ao ensino de forma direta e transversal, mas também na procura da inclusão social, possibilitando assim que estejam próximos dos seus amigos, colegas, professores e funcionários, evitando assim o isolamento prolongado que jovens enfrentaram desde o ano de 2020.
E com esse trajeto a ser implementado em todo o país de forma natural, a verdade é que, na nossa cidade de Braga, quase um mês depois do início do ano letivo, existem pais e mães que ainda não têm as condições regressar ao seu trabalho e à sua rotina da forma habitual. Nos períodos da manhã ou da tarde em que os alunos não têm aulas, os ATL existentes no município não conseguiram, até hoje, dar uma resposta a todas as crianças que necessitam destes serviços, independentemente das suas caraterísticas individuais, impossibilitando muitos pais desses mesmos alunos de manterem a sua atividade profissional.
E devido a isso mesmo, o Movimento “Pais em Luta” agregou esses mesmos progenitores, que de forma uníssona, têm feito levantar a sua voz nas mais variadas plataformas institucionais para expor as inúmeras crianças com necessidades específicas que até o dia de hoje não contam com vagas nos ATL. Importa registar que essa ausências de vagas obriga muitos desses pais sejam obrigados a recorrer à baixa médica, despedimento ou situações de assistência à família, de modo a poderem acolher os seus filhos nos períodos em que não há resposta.
Não deixa de ser igualmente importante assinalar que não existe, no município de Braga, no dia de hoje, programas de férias com atividades diversificadas para todas as crianças e jovens, devido à falta de recursos humanos capazes de acompanhar a participação dos mesmos, em particular os que possuem deficiência ou outras necessidades específicas de apoio à inclusão.
Este movimento, que já esteve em presente em reuniões do Executivo Municipal, assim como da Assembleia Municipal – e com quem a Iniciativa Liberal já reuniu, naturalmente - tem feito os possíveis e os impossíveis para que seja dada uma resposta que salvaguarde os direitos de todas as crianças, e em especial as que tem necessidades específicas. Após essa mesma insistência, e após vários avanços e recuos, a autarquia diz que está a fazer um levantamento das necessidades e promete avançar com soluções ainda este ano. Questões que nos remetem, infelizmente, para outros eixos argumentativos eleitorais deste atual executivo: prometer soluções para o futuro. Infelizmente para estas crianças e para estes pais, eles continuarão a viver no presente.
Fernando Costa,
Gestor de Comunicação
in Correio do Minho,
11-Out-2022