Como vão as minhas Finanças? A inflação

Porque é que de repente os preços começaram a subir? Será que vai continuar assim por muito tempo? Que consequências tem isto para a minha vida? Eu posso fazer alguma coisa?

Muitos de nós têm feito estas perguntas desde há alguns meses, mas poucos têm obtido respostas. Ou então, têm obtido respostas contraditórias. Convenhamos que o assunto gera alguma confusão mesmo entre os economistas. E até mesmo entre os economistas que ocupam cargos de responsabilidade na Europa, pois ao abrirmos a página do Banco Central Europeu (BCE), reparamos que:

“O seu principal objectivo é manter a estabilidade dos preços”

No entanto, os preços começaram a disparar em 2021, atingiram grande aumentos em 2022, mantendo-se ainda com aumentos acima do desejado no corrente ano de 2023.

Porquê?

Não, ao contrário do que algumas pessoas dizem, a culpa não é da guerra na Ucrânia. E também não, a culpa não é da pandemia. E o próprio BCE é o primeiro a reconhecer isso (https://www.youtube.com/watch?v=v4Zmx5OsKM8):

– Subiu o preço? Porquê?

– Ora, as pessoas têm mais dinheiro para gastar e querem comprar mais bolos do que aqueles que eu tenho para vender.

Portanto, a inflação acontece quando o dinheiro aumenta mais que os bens e serviços que podemos comprar com ele. É simples.

Sim, foi porque o BCE permitiu que a quantidade de dinheiro crescesse muito mais que a produção que a inflação disparou. Porquê? Bem, agora chega o momento de contradizer algo que foi dito acima: a pandemia foi a causa da inflação se tivermos em conta que o comportamento do BCE, que veio socorrer os estados-membros nas suas políticas de apoio à economia – se não o tivesse feito, não teríamos tido inflação.

E a guerra? De facto, a guerra na Ucrânia veio a ter consequências ao nível da produção e distribuição de bens alimentares: não só as partes beligerantes eram os grandes fornecedores de cereais da Europa, como eram os grandes fornecedores de adubos. Tal como acontece com qualquer bem, a escassez dos alimentos levou ao seu encarecimento, pois deu-se uma diminuição da oferta, (eventualmente) mantendo-se a procura. Se esta diminuição da produção de bens alimentares tivesse sido compensada por um aumento da produção de outros bens e serviços, não iríamos assistir a inflação, mas sim a alterações relativas de preços: os bens alimentares ficariam mais caros mas outros ficariam mais baratos. Mas isso não aconteceu: os bens alimentares ficaram muito mais caros e os outros continuaram a encarecer a um ritmo mais lento. Isto porque, mais numa vez, a actuação do BCE também não veio ajustar a quantidade de dinheiro a esta nova realidade. Portanto, vamos contradizer-nos uma segunda vez e admitir que a guerra veio provocar inflação, simplesmente porque não temos uma autoridade de política monetária capaz de desempenhar o seu papel.

A segunda questão é se vai continuar assim por muito tempo. A resposta é fácil: só depende de quem controla a quantidade de dinheiro. Se o BCE quiser, acaba com a inflação rapidamente. O único instrumento ao seu dispor é a taxa de juro. Que tem de subir para que o dinheiro volte à origem (ou pelo menos, que saia a um ritmo mais lento).

Consequências da inflação? Temos as consequências da subida dos preços e da subida das taxas de juro. Se o nosso salário não acompanhar o aumento dos preços, ficamos a perder. Em 2021, os preços subiram 2,8%; em 2022, subiram 9,8%, o que significa que em dois anos subiram quase 13%. Se o nosso salário não subiu 13%, já estamos a perder nas nossas compras do dia-a-dia. Mas para além disso, temos ainda o efeito das taxas de juro que afectam os nossos créditos, como o crédito habitação. Uma subida de 3 ou 4 pontos na taxa de juro pode significar mais 300 euros por mês na prestação da casa. E isto afecta também quem procura casa para arrendar, pois muitas delas ainda estão a ser pagas pelos senhorios, que se vêm obrigados a aumentar a renda para poder pagar o aumento da prestação ao banco.

Podemos fazer alguma coisa?

Deixar de ir jantar às sextas à noite é capaz de ajudar...

 

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