As nossas “ciclovias” (1)

Sob a égide da emergência climática, a construção das ciclovias viraram moda um pouco por todo o país e Braga não é excepção. Não sendo uma estrutura rodoviária que esteja configurada com a cultura portuguesa, no entanto, para aproveitar a disponibilidade de fundos comunitários, hodiernamente, muitos milhões de euros a autarquia bracarense tem dispendido. Destarte, o modelo de construção desta infraestrutura convoca forçosamente a uma reflexão.

 

Por se tratar de uma temática em processo de aculturação, muitos erros se têm cometido a vários níveis, e por isso, não se vislumbra o seu retorno a curto, nem a médio prazo. Em face da observância do desperdício financeiro, lamenta-se a perda do que poderia ter sido uma excelente oportunidade do cumprimento de tão nobre desígnio em prol da sustentabilidade, da mobilidade e da habitação

 

Um dos aspetos mais bizarros na equação do plano de mobilidade, diz respeito aos critérios técnicos para a defenição do traçado das ciclovias. A avaliar pelos quilómetros já construídos, salienta-se a preocupante incoerência entre o seu propósito e o que está realmente implementado. Tendo as ciclovias, na sua génese, a intenção de se constituir uma alternativa musculada aos transportes que usam combustíveis fósseis, deveriam os técnicos responsáveis ter tido o cuidado de as executar de modo a que os cidadãos pudessem responder ao repto para substituir o carro pela bicicleta, nos trajetos de casa para o trabalho, para a escola, para a estação da CP, Central de Camionagem, hipermercados, entre outros serviços. Sendo possível utilizar a bicicleta em toda a cidade como meio de transporte, não seriam apenas os bracarenses a deixar o carro fora da cidade, mas também os habitantes de concelhos limítrofes poderiam fazê-lo, pois saberiam que em toda a cidade seria possível deslocar-se sem o seu automóvel. Automóvel esse que deveria encontrar local de aparcamento fácil e barato nos limites geográficos da cidade. Para aqueles que procuram habitação em Braga por motivos de evitar deslocações num trânsito caótico, a alternativa de uma circulação ecológica, barata e mais rápida iria abrir novas opções em locais com menor pressão imobiliária. 

 

Mas o traçado atual desta via ciclável não conduz os cidadãos aos referidos pontos nevrálgicos. Por este motivo, elas estão a ser preponderantemente utilizadas para passeios ao fim da tarde e nos fins de semana por motivos de recreio.

 

Segundo aspeto igualmente preocupante, é a inquestionável ausência de sinalética apropriada que os ciclistas estão obrigados a cumprir, estando esta convenientemente plasmada no código da estrada. As ciclovias carecem da indicação de sentido único, stop, triângulos, e demais sinais verticais, horizontais e até luminosos. Esta omissão é muito grave porque potencia a ocorrência de acidentes, convertendo esta via rodoviária numa alternativa muito perigosa para os utilizadores e para quem tem de se cruzar com eles. Nestas passadeiras vermelhas, que deveriam ter sido desenhadas para o uso exclusivo de bicicletas, constata-se que circulam simultaneamente, e em sentidos opostos, peões, famílias com carrinhos de bebé, crianças em triciclos, skates, ou mesmo trotinetes.

 

Após termos abordado a importância de uma boa rede ciclável para o desenvolvimento da nossa cidade de Braga, na próxima semana, vamos concluir com a reflexão sobre o seu traçado e os motivos que levaram à realização de uma obra totalmente descabida.

Artigo em https://www.diariodominho.pt/opiniao/2023-11-19-as-nossas-ciclovias-1-6558e214202ec

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