Les Misérables

As últimas estatísticas (último trimestre de 2021) revelam que em Braga, havia:

  • 457 pessoas à espera de uma cirurgia de Urologia, algumas das quais devem esperar mais cinco meses para serem atendidas;
  • 2610 pessoas à espera de uma cirurgia de Oftalmologia, que vai demorar dois meses para algumas delas;
  • 3760 pessoas à espera de uma cirurgia de Ortopedia, cuja espera pode prolongar-se até quatro meses.

A lista continua e pode ser consultada.

E esta lista não é pior porque muitos portugueses beneficiam de um subsistema de saúde ou de um seguro de saúde, que lhes permite poderem escolher qualquer prestador de serviço. Podem escolher aguardar pacientemente pela sua vez, dentro do Sistema Nacional de Saúde (SNS), ou dirigir-se a um dos vários hospitais e clínicas espalhados pelo país. Podem escolher – pois o facto de fazerem parte de uma elite com este tipo de benefícios, não significa que não queiram aguardar pela prestação de serviços do SNS.

Se o leitor integra essa elite, então este artigo não é para si. Pode passar para o próximo.

Este artigo destina-se aos cerca de um terço dos portugueses que não têm hipótese de escolher. E vão ter de enfrentar as listas de espera do SNS.

Se o leitor se enquadra neste um terço da população, fica desde já a saber que é possível passar a escolher ser atendido num hospital ou clínica privada. Basta que os outros dois terços se importem com a sua situação. Leia ou releia “Com papas e bolos se enganam tolos”.

Afinal, o leitor pertence à referida elite e aguentou até aqui? Pois bem, está nas suas mãos defender um terço da população que não tem a sua sorte. Chegou a hora de ser Socialista. De ser Comunista. De ser Democrata-Cristão e de ser Social-Democrata. Chegou a hora de ser Liberal. É possível todos termos acesso a cuidados de saúde em condições, desde que queiramos. Não estamos a falar de todos podermos ir de férias para as Maldivas, ou de irmos experienciar uma gastronomia com estrelas Michelin. Estamos a falar das necessidades fisiológicas na base da pirâmide.

De quem é a responsabilidade de estarmos assim?

De todos nós. A responsabilidade não é “deles”, que deviam utilizar os elevados impostos que nos cobram para solucionar este problema. É nossa, que nos descartamos dessa responsabilidade. E para quem não sofre diariamente com este problema, também não deveria ser confortável encontrar justificação na falta de dados para arrancar com o seguro municipal de saúde, uma vez que nenhuma “grande” autarquia ainda o fez: antes de a primeira pequena autarquia o ter feito, também nenhuma o tinha experimentado.

Vamos deixar-nos de pensamentos miseráveis e mostrar ao país que a nossa autarquia está na vanguarda do apoio aos munícipes?

Nota: Declaração de interesses: o autor e a sua família são beneficiários de ADSE e seguro de saúde, cumulativamente.

Artigo de opinião de Mário Joel Queirós, docente do Ensino Superior nas áreas de Economia e Finanças.

BragaTV, Link

14, Fev 2022

 

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