Os partidos de esquerda em Portugal têm mantido uma posição no mínimo contraditória no que toca a impostos e salários. Por um lado, defendem aumentos salariais para as classes mais baixas, algo louvável e necessário. Por outro, opõem-se vigorosamente a qualquer tentativa de redução do IRC (Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas), como se aliviar a carga fiscal das empresas fosse uma afronta aos interesses nacionais.
O Paradoxo Fiscal: Aumento de Salários e Asfixia Fiscal
É importante perguntar: como esperam estes partidos que as empresas possam aumentar salários de forma sustentável se continuam a ser sobrecarregadas por impostos elevados? A narrativa de que grandes empresas, com lucros “exorbitantes”, podem e devem financiar a máquina fiscal não reflete a realidade da maior parte do tecido empresarial português, composto principalmente por pequenas e médias empresas (PME). Estas, longe de estarem a nadar em lucros, lutam para se manter à tona.
A Redução do IRC: Benefício Apenas para os Ricos?
O argumento de que a redução do IRC só beneficia os ricos simplifica uma questão muito mais complexa. Quem cria emprego e gera valor para a economia? São as empresas que, através de investimento e inovação, conseguem manter postos de trabalho e pagar salários. Empresas asfixiadas por impostos têm menos capacidade de investir, de contratar e, por consequência, de pagar melhores salários. Se o setor privado não estiver em condições de prosperar, de que serve exigir aumentos salariais?
Lucro Empresarial: Um Motor para a Economia
As empresas precisam de lucro para crescer, inovar e expandir, o que, por sua vez, gera mais emprego e melhores condições de vida para os trabalhadores. Quando uma empresa é saudável financeiramente, não só pode pagar melhores salários, como também tem a capacidade de oferecer benefícios, formação e investir em novas tecnologias que melhoram a produtividade. A redução do IRC pode incentivar o reinvestimento dos lucros no país, criando um ciclo vicioso que beneficia toda a sociedade.
A Economia Real e a Necessidade de Equilíbrio
Em vez de verem o lucro empresarial como algo a ser combatido, é necessário compreender que ele é um dos pilares que sustenta o crescimento económico. Sem empresas saudáveis e competitivas, dificilmente haverá aumentos salariais reais e sustentáveis. A discussão deve centrar-se em como encontrar um equilíbrio entre a justiça fiscal e a criação de condições para que o setor privado prospere, garantindo assim melhores condições para os trabalhadores.