Braga enfrenta uma oportunidade histórica para centralizar a sua mobilidade e reforçar as suas ligações ao Minho, a Portugal, à Galiza e, no futuro, a Madrid. No entanto, isto exige decisões corajosas e planeamento adequado. A escolha de Semelhe como localização da futura estação de alta velocidade é um erro flagrante. Sem qualquer infraestrutura ferroviária, esta decisão ignora completamente o potencial de Ferreiros.
Ferreiros: O Futuro da Mobilidade de Braga
Ferreiros já conta com a infraestrutura ideal para se tornar o centro da intermodalidade em Braga. A estação de alta velocidade deve obrigatoriamente ser lá localizada, facilitando a ligação com comboio e, futuramente, com o BRT. Este ponto pode tornar-se o principal hub de mobilidade, promovendo uma rede de transportes interligada e eficiente.
Estação de Camionagem: Um Obstáculo à Intermodalidade
A estação de camionagem de Braga, embora bem localizada em termos de acessos, está mal integrada com a estação de comboios. Para quem precisa de fazer a transição entre autocarros e comboios, o percurso é longo e pouco prático. A solução? Transferir a estação de camionagem para Ferreiros, centralizando todos os modos de transporte num único local. Isto facilitaria o transbordo, tornando os percursos mais rápidos e confortáveis.
Integração Regional: Barcelos, Vila Verde e Guimarães
A futura intermodalidade de Braga deve estender-se também às cidades vizinhas. Qualquer ligação direta a Barcelos, Vila Verde ou Guimarães precisa de ser integrada em Ferreiros, onde os habitantes destes concelhos poderão usufruir da alta velocidade e da rede intermunicipal. Desta forma, Ferreiros tornar-se-ia o epicentro das ligações regionais e nacionais, promovendo o uso de transportes públicos em detrimento dos veículos particulares.
Eficiência Municipal: Reformulação das Linhas de Autocarro
A eficiência dos transportes públicos em Braga pode ser reforçada com a eliminação de carreiras longas e ineficientes, como a linha 7, que vai de Celeirós a S. Mamede d'Este. Estas rotas devem ser substituídas por um sistema mais ágil, com o BRT a servir de eixo central, complementado por linhas de autocarro mais curtas e sincronizadas. Isto garantiria uma rede mais rápida e eficiente, com menores tempos de espera, e facilitaria o acesso ao hub intermodal sem necessidade de utilização de um automóvel.
Impacto na Qualidade de Vida e Trânsito Urbano
Centralizar os transportes em Ferreiros teria um impacto imediato na qualidade de vida dos cidadãos de Braga. O tráfego no centro seria reduzido, o que resultaria numa diminuição da poluição e num ambiente mais agradável. Cidades como Lyon, em França, que investiram em hubs intermodais, registaram grandes melhorias na eficiência dos transportes e na qualidade de vida dos seus residentes. Braga pode seguir este exemplo.
Além disso, a implementação de ciclovias e passeios pedonais seguros para Ferreiros incentivaria a mobilidade ativa, promovendo deslocações a pé ou de bicicleta e reduzindo ainda mais a dependência do automóvel.
Oportunidade de Ouro para Braga
Braga tem nas suas mãos a oportunidade de se afirmar como uma referência nacional em mobilidade sustentável. No entanto, continuar com decisões mal fundamentadas, como a escolha de Semelhe para a estação de alta velocidade, apenas comprometerá o futuro da cidade. Ferreiros é o local ideal para concentrar a mobilidade, onde a alta velocidade, o BRT, os autocarros intermunicipais e até ciclovias possam coexistir num sistema de transporte integrado, robusto e eficiente.
Se Braga quer estar preparada para o futuro, precisa de um hub intermodal que funcione. E esse hub tem de ser em Ferreiros.