Braga é uma cidade vibrante, jovem, segura e cheia de oportunidades. Essas qualidades fizeram com que muita gente viesse viver para cá, tornando a cidade num caos urbano, deixando claras as fragilidades da cidade nesta matéria.
O problema de mobilidade em Braga é evidente: carros, carros e mais carros! Estão por toda a parte, congestionando as ruas e tornando as nossas deslocações um desafio diário. Infelizmente, a cidade não está preparada para reduzir a dependência do automóvel, e a Câmara Municipal parece encarar as alternativas com uma atitude superficial.
É urgente reconhecer que a bicicleta tem de ser parte do futuro da mobilidade em distâncias curtas.
Vantagens da bicicleta em comparação ao automóvel:
- Mais económica: Tanto na aquisição quanto na manutenção.
- Sem combustível: Zero dependência de combustíveis fósseis.
- Espaço reduzido: Ocupa muito menos espaço nas vias e estacionamentos.
- Mais saudável: Promove a prática de exercício físico durante as deslocações.
- Sustentável: Zero emissões, ajudando a reduzir a poluição.
Essas são apenas algumas das vantagens, mas não basta esperar que as pessoas escolham espontaneamente a bicicleta. É preciso criar condições adequadas.
O que foi feito até agora?
A mobilidade ciclável é uma questão política que deve ser tratada com seriedade pelo executivo. Para incentivar mais pessoas a utilizarem a bicicleta, a Câmara precisa de três elementos essenciais: vontade, estratégia e ação. Infelizmente, parece carecer de todos eles, nesta matéria.
Até agora, as ações tomadas foram superficiais. Na Avenida da Liberdade, por exemplo, pintaram algumas linhas vermelhas no chão com o objetivo de “sensibilizar os condutores” e limitando a velocidade a 30km/h (sem qualquer racional aparente). Além disso, foram criadas algumas ciclovias pintadas de vermelho em zonas de menos tráfego, como em Lamaçães. Essas medidas dão a sensação de modernidade, mas não geram impacto significativo na mobilidade.
O que pode ser feito?
Com uma estratégia bem pensada e o uso das tecnologias certas, podemos fazer muito mais:
- Análise de tráfego: Estudando os fluxos de movimento na cidade, podemos implementar ciclovias onde elas realmente farão a diferença na redução do tráfego.
- Integração com transportes públicos: Além de criar estacionamentos para bicicletas e outras infraestruturas, é fundamental facilitar o transporte de bicicletas na TUB.
- Promover uma cultura ciclável: Proibir a circulação de carros no centro da cidade aos fins de semana pode atrair mais pessoas e bicicletas ao coração de Braga.
O uso de aplicações móveis e outras tecnologias pode ampliar ainda mais os benefícios do ciclismo urbano. Basta olhar para exemplos ao redor do mundo para perceber o quanto estamos atrasados nesse aspecto.
Braga é uma boa cidade para andar de bicicleta?
Sim! O clima é favorável, com cerca de 215 dias sem chuva por ano. Cidades como Amesterdão ou Copenhaga, famosas pelo uso massivo de bicicletas, enfrentam condições meteorológicas muito menos agradáveis. Além disso, grande parte da cidade é plana, facilitando o uso da bicicleta, especialmente em áreas importantes, como a UM, a zona industrial da Bosch ou o centro.
Conclusão
Estamos atrasados na integração das bicicletas em Braga. Por inoperância, incompetência ou falta de visão — ou talvez os três — o executivo municipal não conseguiu elevar a cidade ao nível que merece em termos de mobilidade urbana. Se tivéssemos seguido o exemplo de cidades como Amesterdão ou Barcelona, hoje estaríamos muito menos dependentes do automóvel, logo, muito mais livres.
No passado, o carro simbolizava liberdade; hoje, somos reféns dele. Chegou a hora de nos libertarmos dessa dependência. A bicicleta não substitui o carro, mas oferece uma alternativa viável para trajetos curtos. Para isso, é fundamental melhorar significativamente a infraestrutura urbana e a mentalidade coletiva.
E, para que essa mudança ocorra, não basta apenas pintar o chão de vermelho.