AS DÉCADAS PERDIDAS: OH MÃE, FAZIAS-ME RICO EM VEZ DE BONITO

Há umas semanas (ver D.M. de 5 de Março), pudemos perceber que Portugal estagnou nas duas primeiras décadas do presente século. Isto é grave por si só, mas ainda mais grave quando vemos vários países a passarem por nós: desde 2001 já fomos ultrapassados por Lituânia, Estónia, Polónia, Hungria, Chéquia, Eslovénia e Malta. A Roménia já nos apanhou e segue-se para breve a Letónia.

Perante isto, podemos tentar encontrar algum conforto na repartição do rendimento: o nosso rendimento estagnou, mas, pelo menos, será que conseguimos erradicar a pobreza, ou diminuí-la significativamente?

Vamos ver como nos comportamos relativamente a este indicador.

Em 2021, 23% da população portuguesa estava em risco de pobreza; 20 anos antes, o valor era de 24% [1]. Nos primeiros 20 anos deste século, o nível de pobreza em Portugal também estagnou, não melhorou – afinal, são também duas décadas perdidas no combate a este flagelo.

Calma. Será este um problema geral ao nível europeu? Na União Europeia e na zona Euro, em 2021 o nível de pobreza situou-se à volta dos 27%, portanto, um valor pior que o nosso. E se formos olhar para os países mais ricos da Europa?

 

Portugal

Luxemburgo

Noruega

Suíça

Dinamarca

% Pobres

23%

27,5%

25,7%

24,5%

26,7%

Afinal, nos países mais ricos da Europa há mais pobreza do que em Portugal. Portanto, ganhamos menos, mas as pessoas estão menos desprotegidas.

Será isso?

Há várias formas de medir a pobreza, mas as medidas do Eurostat, de onde são retirados estes valores, são relativas. Por exemplo, a medida mais utilizada é o “risco de pobreza, corte aos 60% da mediana”. Como é isto calculado? Em primeiro lugar, as pessoas são ordenadas por rendimento e é isolada a metade mais pobre. Depois, são classificadas como estando em risco de pobreza, aquelas que têm um rendimento até 60% da pessoa com o rendimento mais alto nessa metade (essa pessoa é a pessoa mediana).

Quanto é o máximo que ganha um “pobre” em Portugal? E quanto ganha nos outros países?

Em Portugal, um pobre ganha 532 euros por mês. No Luxemburgo, quem ganha 1377 é pobre! Nos outros países, os pobres ganham mais que 50% dos portugueses. Por isso, ser pobre no Luxemburgo ou na Dinamarca, é ser rico em Portugal – é estar na metade dos 50% mais ricos! E atenção, que não podemos dizer que as coisas são mais caras no Luxemburgo ou nos outros países, pois estes rendimentos já estão convertidos tendo em conta essa diferença de preços.

Há ainda um dado que não foi analisado: a distribuição do rendimento pela população. Olhando para o coeficiente de Gini, também aqui não estamos melhor que os outros. [2]

Não há volta a dar. Temos um país lindo, mas para acabar com a pobreza, só mesmo enriquecendo.

 

[1] Fonte: Eurostat.

[2] O Coeficiente de Gini é uma medida de desigualdade.

 

Por Sérgio Gomes (Membro da Iniciativa Liberal)

Por Mário Queirós (Dirigente da Iniciativa Liberal e Professor do Ensino Superior)

 

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