O Radicalismo embrutece e cega!

No dia 01 de abril 2023, diversas manifestações tiveram lugar exigindo o direito a ter casa para viver. Estas curiosamente exigiam o direito à habitação nos principais centros urbanos do país o que por si só revela bem a crise profunda de um país que parece existir apenas a litoral.

A breve consulta do novo plano ferroviário nacional demonstra o abandono do interior promovido por quem nos governa bem como nos permite analisar a enormidade de trabalho que é necessário fazer. O horizonte temporal e metas referidas (“triplicar o tráfego de mercadorias e sextuplicar o de passageiros até 2050”) para a sua concretização estará só ao alcance do entusiasta radical ideológico desprovido de contraditório.

A modernização aparece, mas o centralismo permanece, e ignorar por completo a intermodalidade com modos de mobilidade ativa como a pedonal e a ciclável como recentemente alertado pela Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (MUBi) faz antever que a visão é curta. 

Voltando às marchas pelos direitos consagrados, o sofrimento referido e que se entende e a alegada distopia social de que são vítimas, contrastou com a brutalidade de algumas frases presentes em cartazes e com a violência física e verbal contra os inimigos de sempre e as forças policiais.

A cegueira é tal que desejar a “morte aos senhorios” ou “expropriar os ricos” é inconsequente e apressou alguns partidos solidários com as causas que dizem ser justas a demarcar-se do seu envolvimento. Mas ser radical é estar em luta permanente e o 1º Maio está perto, pelo que mobilização continuará.

Perguntaria apenas se “acabar” com os senhorios ou impedir a concorrência bancária na mediação não aumentaria o problema da habitação. Exista capital para construir e procure o Estado saber o que possui para assim se caminhar para uma resolução efetiva e duradoura.

Por outro lado, não vejo nos jovens dessas manifestações o mesmo dinamismo (reprovável sempre que existe violência) para defender os problemas que afetam a Saúde.

Quem normalmente está longe da morte (não é idoso) ou menos vulnerável (crianças) sentirá menos a degradação do SNS? Será que lamentarão os tempos de espera mas também aqui negam responsabilidades para a sua ocorrência de modo semelhante ao que fizeram com as agressões às forças de autoridade?

Ou será que na Saúde fica mais difícil de reconhecer o velho inimigo de sempre destes radicalismos? De facto, o fim das PPP no país poderá demovê-los dessa atitude. Agora que o SNS está na totalidade sob a orientação cada vez mais precária do Estado, ficará porventura mais difícil identificar o “capital” como a razão de todo o mal.

Curioso é verificar as parecenças entre “morte aos senhorios” com outras mensagens de outras cores políticas que advogam em outdoors que é necessário “limpeza” ou que “vamos fazer o sistema tremer”. Ora bem, limpeza tem acontecido, mas é no interior do próprio partido, e usar a ameaça como força ideológica não dignifica a atividade política e não traduz uma mensagem séria capaz de resolver os problemas às pessoas. Não esquecer que, ao contrário de forças de direita mais moderadas, os conservadores higienistas que tudo limpariam propõem o fim progressivo do Serviço Nacional de Saúde e a privatização total da escola pública. 

 

Por João Nascimento, Médico e Membro da Iniciativa Liberal

 

 

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