AS DÉCADAS PERDIDAS: OS RICOS E OS POBRES

Há dias foi notícia o facto de, em Portugal, haver em 2022 o quíntuplo dos ricos face a 2014 (1). As redes sociais inflamaram com protestos de indignação. Não é importante para nenhum dos indignados que os 5000 “ricos” tenham contribuído com 40% da totalidade da execução orçamental; também não é importante que nem sequer um terço destes sejam cidadãos, pois mais de dois terços são empresas; e é completamente irrelevante que este número tenha aumentado também por causa de uma mudança nos critérios para classificar “ricos”, passando a incluir contribuintes que não eram incluídos em 2014. A indignação decorre apenas da leitura do título!

Mas mesmo ignorando o resto da notícia, será que há motivos para indignação com esta informação? Porque é que o aumento de pessoas ricas causa indignação? Seria compreensível haver indignação se o título dissesse que aumentou o número de pessoas pobres em 2022 face a 2014. O aumento da pobreza é um problema; o aumento da riqueza é a solução para a diminuição da pobreza. Vejamos no seguinte gráfico como as pessoas em risco de pobreza diminuem à medida que vai aumentando a riqueza do país (R² = 98%).

Mas nas redes sociais não se viram vozes de regozijo relativamente ao aumento da riqueza. Apesar de ela estar a contribuir de uma forma relevante para o financiamento dos apoios à pobreza.

Imagine agora que aparecia uma notícia com o título: “A quantidade de pobres em Portugal aumentou no séc. XXI.” Porque, segundo o Eurostat, foi isso que aconteceu: passámos de 38% para 44% (2). Isso sim, é motivo de indignação. Tal como é motivo de indignação termos sido o país da União Europeia onde mais aumentou a pobreza em 2021 (3). O nosso problema não é haver mais ricos; o nosso problema é haver mais pobres!

As estratégias ad-hoc do nosso governo em acudir aos mais necessitados são o reflexo das suas políticas de empobrecimento. O limite imposto à subida das rendas, o IRS jovem, a esmola de 125+240 euros, os 50 euros por dependente, os apoios ao arrendamento, a bilha solidária, o programa “Regressar”...  Tudo isto é a confirmação do falhanço das políticas de quem nos tem governado que não conseguiram livrar-nos da pobreza. A redistribuição de rendimentos não é solução sustentável para eliminar a pobreza; não podemos acabar com os pobres se não conseguirmos colocar Portugal a crescer. Temos que incentivar aqueles que querem produzir riqueza e não sufocá-los com impostos. E o nosso governo até já descobriu como fazer para cativar as pessoas a ficar em Portugal, veja-se os benefícios fiscais que são concedidos a pessoas oriundas de outros países.

Nós, portugueses, já demonstramos em nove séculos, que somos capazes de feitos extraordinários – não podem é cortar-nos as asas.

 

Notas:

(1) jornaleconomico.pt/noticias/ha-cinco-vezes-mais-ricos-em-portugal-do-que-em-2014-976154

(2) ec.europa.eu/eurostat/databrowser/view/ilc_li09/default/table?lang=en

(3) ec.europa.eu/eurostat/databrowser/view/ILC_LI02__custom_4342118/default/table?lang=en

 

Mário Queirós, docente do ensino superior nas áreas da Economia e Finanças (ISCAP), dirigente da Iniciativa Liberal

Sérgio Gomes, Técnico Superior, Licenciado em Geografia e Planeamento e Mestre em Engenharia Urbana

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