“Habituem-se” a 2023

Num período em que se torna especialmente difícil projetar muitos dos elementos que serão preponderantes para a nossa qualidade de vida em 2023, o primeiro-ministro António Costa decidiu “usar” os jovens, na sua mensagem de Ano Novo, para se alhear uma vez mais da instabilidade sem fim motivada pelas sucessivas demissões dos seus ministros, num discurso opaco e inserido dentro das incontáveis medidas embutidas no II Plano Nacional para a Juventude.

Neste discurso de Ano Novo, o “maior investimento de sempre no alojamento estudantil” com o Plano Nacional para o Alojamento do Ensino Superior, com o objetivo de fixar jovens em Portugal, tornou-se um dos principais chavões do primeiro-ministro e do seu governo, contrastando de forma óbvia com as melhores condições de vida que os jovens encontram hoje fora do país, nas mais variadas áreas do mercado, enfrentando assim uma condenação quase inevitável à emigração. É nesta infinita encruzilhada entre a ficção e realidade que se encontra hoje a “geração mais preparada de sempre” de Portugal.

A habitação foi outro tema da mensagem de António Costa, com vários valores envolvidos e com uma promessa de “uma verdadeira mudança estrutural” até 2026, sendo reforçado o programa Porta 65 e com o lançamento de um programa especial de arrendamento adicional. Talvez seja importante relembrar, antes de encher as vistas dos jovens com uma lista enorme de promessas, que as anteriores já não estavam a ser cumpridas: O programa Porta 65 conta hoje com mais burocracia do que candidatos, sendo que apenas cerca de metade dos jovens inscritos receberam proposta positiva em 2021. Os restantes viram o pedido recusado por “falta de dotação”, isto enquanto enfrentamos um brutal aumento do custo de vida. E mesmo quando nos remetemos às promessas de apoio à natalidade anunciadas desde o primeiro mandato deste governo, hoje verificamos um resultado factual: menos 80 mil bebés no ano de 2021, relativamente ao ano anterior. Tudo dados altamente motivacionais para quem pretende criar família no país onde nasceu.

E findado agora um ano marcado pelo Ano Europeu da Juventude, proclamado pelo Parlamento Europeu, entramos agora no ano onde irá decorrer a Jornada Mundial da Juventude. Não faltariam, na teoria, motivos para que a “geração mais preparada de sempre” tivesse outros incentivos ou liberdades para dar amplitude aos seus sonhos, fossem eles pessoais ou profissionais.
Mas não: tal como a grandíssima maioria dos portugueses, continuamos a viver de migalhas periódicas e de extensas promessas (como se o número das mesmas fosse mais importante que o cumprimento delas) de alguém que acha que Portugal já é demasiado pequeno para ele e para os seus. Ironicamente, Portugal também se vai tornando manifestamente curto para nós, jovens, porque nem da casa dos nossos pais conseguimos sair.

O futuro constrói-se no presente, referiu o primeiro-ministro numa das suas conclusões da mensagem de Ano Novo. O problema, Sr. António Costa, é que o presente também se baseia no que é feito no passado. E para empurrar a barriga, já deveriam chegar os casos e a falta de ética a que temos assistido no Governo.
Um bom 2023 para todos os leitores. Ou, parafraseando o nosso primeiro-ministro, “habituem-se” a ele.

Fernando Costa,

Gestor de Comunicação e Representante da Juventude da Iniciativa Liberal de Braga

in Correio do Minho

25-Out-2022

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