Nova teoria do caos

Até há poucos meses, acreditava-se que uma pequeníssima alteração no início de um qualquer evento poderia trazer enormes e absolutamente desconhecidas consequências no futuro. A ilustração mais feliz da chamada teoria do caos será, porventura, a da borboleta que bate as asas num determinado local e que provoca um furacão do outro lado do mundo.

Note-se que a produção do efeito final, nesta versão clássica da teoria do caos, dependia sempre da existência de um impulso inicial, por mínimo que fosse. Para que o furacão ocorresse, bastaria o levíssimo bater de asas da borboleta, mas sem o bater de asas não existiria furacão. Ora, o que os extraordinários avanços científicos da governação de António Costa vieram demonstrar é que é possível gerar o caos sem fazer nada. Mais: não só não é necessário o tal impulso mínimo de energia inicial como o caos será muito maior precisamente na ausência de qualquer impulso. Veja-se o caso da saúde. Perante problemas absolutamente previsíveis, António Costa optou por deixar andar. Consequência? O caos. Mas estaremos perante um caso isolado, situação em que seria abusivo generalizar para a formulação de uma lei científica? Não, não. Olhe-se para a educação. Era ou não era previsível que iriam faltar professores? Era, sim senhor. E o que fez António Costa? Lá está: nada. Resultado? O caos. E o que acham que vai acontecer no financiamento do ensino superior? Pois, exactamente.

Agora – e aqui está um dos segredos mais bem guardados da governação de Costa –, para gerar um caos realmente caótico é tão importante não fazer nada como dar a ideia de que se está a fazer qualquer coisa. Não fazer nada sem a aparência de estar a fazer qualquer coisa funciona apenas durante períodos limitados de tempo. É por isso que Costa começa sempre por negar o problema, por desvalorizar, por atribuir a responsabilidade a terceiros. Mas, quando percebe que as pessoas estão a ficar sem paciência, que exigem que se tomem medidas concretas – e sabendo que medidas concretas poderiam impedir a concretização de um caos realmente caótico –, Costa declara que estamos perante um problema estrutural. Declarada a situação de problema estrutural – problema estrutural no SNS ou problema estrutural nas florestas, para só dar alguns exemplos –, tudo se torna mais simples. As pessoas deixam de exigir soluções imediatas e isso permite a Costa continuar sem fazer nada, promovendo as condições necessárias para que, mais tarde, se produza um caos como deve ser. Antes de Costa, o universo tendia para a energia mínima e para a entropia máxima. Com Costa, a entropia é máxima na ausência total de energia. Além disso, e ao contrário do que acontecia na teoria clássica do caos, os efeitos não se sentem do outro lado do mundo. Pelo contrário, a falta de acção dos governos de Costa origina efeitos caóticos que os amáveis leitores podem testemunhar mesmo aqui ao lado, numa urgência em Braga ou numa escola de Sintra.

Por isso, já sabem. Relaxem, sentem-se confortavelmente e aproveitem.

 

Rui Rocha

Membro da Comissão Executiva da Iniciativa Liberal

 in O NOVO,  Lynk

07-Jul-2022

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