Se nos deslocarmos para sul no continente americano poderemos chegar à Venezuela onde, ainda antes de Hugo Chávez aparecer sob a forma de passarinho a Nicolás Maduro, já circulavam desde o século XIX histórias assustadoras sobre o Assobiador, uma alma penada que assombra planícies carregando às costas um saco com ossadas enquanto, lá está, assobia.

E, saltando da Venezuela para as regiões montanhosas da Ásia, lá nos depararemos com episódios de aparição do Abominável Homem das Neves, uma criatura com traços de primata e maior do que um humano que faz parte da tradição oral do Nepal e do Tibete, passada de pais a filhos, geração atrás de geração.

Continuando a viagem e aterrando aqui já bem perto, nos arredores de Braga, chegar-nos-ão aos ouvidos, se estivermos atentos, crónicas das façanhas macabras de Maria Gancha, uma velha sinistra capaz de roubar crianças à mínima desatenção.

Uma das utilidades mais comuns destas personagens do folclore de diversas regiões do planeta é ajudar pais e avós desesperados a controlar o comportamento de filhos e netos: “Lupita, se não comeres o chili com carne, o Chupa-cabras leva-te”, “Angelito, o Assobiador só vai a casa dos meninos que se portam mal”, “Rajiv, vamos apagar a luz para dormir que o Yeti está a sair de casa”, “Carla Vanessa, não faças birra que acordas a Maria Gancha”.

Ora, nos últimos dias assistimos, de forma totalmente gratuita, ao lançamento de mais uma destas figuras mitológicas que têm como objectivo moldar comportamentos desalinhados. O Galamba, assim se chama a terrível criatura, vive numa cave no Rato, arrendada por António Costa, que o lançará, já sem açaime, contra qualquer incauto que ouse desafiar o Governo ou lançar narrativas que se afastem da versão oficial e corrente.

No fundo, o Galamba é um Abominável Homem das Neves com menos pêlo, um Assobiador sem saco, uma Maria Gancha com menos idade, uma espécie de Chupa-cabras que, em vez de sugar o sangue, confere facturas.

Rui Rocha

Membro da Comissão Executiva da Iniciativa Liberal